Projeto monitora predadores do Parque Nacional do Iguaçu Animais são capturados, pesados, medidos e analisados por pesquisadores. Depois ganham a liberdade com transmissores conectados às coleiras Criado há 11 anos, o Projeto Carnívoros do Iguaçu monitora as 10 espécies de predadores terrestres existentes no Parque Nacional do Iguaçu, entre elas a onça-pintada. O trabalho é feito com o uso de rádio-colares, que permitem registrar as atividades e os deslocamentos dos felinos à distância.
Para isso, os pesquisadores precisam capturar os animais. Eles definiram uma área de cerca de 15 mil hectares, no oeste do parque, perto das Cataratas do Iguaçu, onde instalaram as armadilhas para tentar capturar os animais.
Quando ocorre captura, o felino é pesado e tem o tamanho medido. Os pesquisadores analisam a pelagem e calculam a idade do animal com base no desgaste e na coloração dos dentes, além de verificar outras características que auxiliam em pesquisas de preservação. Os rádios-transmissores são colocados e os bichos finalmente soltos na floresta.
De 1990 a 1999, os pesquisadores colocaram o colar transmissor em mais de 70 animais de várias espécies, como a onça-pintada, onça-parda, jaguatirica, furão, gato-mourisco e gato-maracajá, que se alimentam de carne, e quati, mão-pelada, irara e chachorro-do-mato, cuja alimentação é baseada em matéria vegetal. Atualmente, estão sendo monitoradas quatro jaguatiricas e um puma.
Criado pelo biólogo Peter Crawshaw, o Projeto Carnívoros do Iguaçu é coordenado desde 1997 pelo biólogo Fernando Cascelli Azevedo e pela veterinária Valéria Amorin Conforti, que estão nos Estados Unidos concluindo tese de doutorado.
Apesar da distância, os coordenadores se comunicam através da internet com os biológos assistentes de campo Luiz Fernando Zamboni, 26 anos, e Marcelo Oliveira, 28 anos, que estão fazendo o trabalho de monitoramento dos predadores.
Como parte do projeto, ambos proferem palestras e desenvolvem trabalhos de conscientização das comunidades vizinhas ao parque, em especial junto a turistas e guias de turismo, guardas de parques, funcionários do Iguaçu e, inclusive, aos funcionários do Hotel das Cataratas, situado dentro da unidade de conservação.
Também é mantido um laboratório onde os biólogos podem estudar os animais encontrados mortos. O local abriga ossos, caveiras e algumas peles de onça-pintada e outros predadores. Entre as peças que chamam atenção, estão os dois fetos de onça-pintada retirados do útero de uma fêmea morta um mês antes de parir.
"Isso aqui é um verdadeiro museu dos horrores," afirma Luiz Fernando Zamboni, que considera "uma pena" o projeto ter um acervo de animais mortos. O biólogo ressalta, entretanto, que as espécies são utilizadas para estudos. Através das fezes, por exemplo, é possível saber os alimentos preferidos dos animais em extinção. "A onça-pintada é o predador de todas espécies no parque. Seu único predador é o homem," lamenta.
O projeto é mantido pela Associação para a Conservação dos Carnívoros Neotropicais. O Pró-Carnívoros é uma organização não governamental e sem fins lucrativos, criado em 1986 em São Paulo (SP). A ONG recebe apoio do Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação de Predadores Naturais (Cenap/Ibama) e de duas empresas, uma de Foz e outra de São Paulo.
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